Programando e Aprendendo Itinerante une tecnologia e ancestralidade em projeto inédito com escolas indígenas

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Em uma iniciativa pioneira, o projeto Programando e Aprendendo Itinerante, realizado pelo Instituto Idear, incorporou elementos da cultura, história, espiritualidade e memória do povo indígena Tapeba a duas formações ofertadas pelo projeto em escolas indígenas na cidade de Caucaia: os cursos de robótica e pixel art. A ideia é fortalecer a comunidade ao unir os novos conhecimentos na área tecnológica aos saberes ancestrais indígenas.

A parceria do projeto com as escolas indígenas, articulada através da Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação – a Crede 01 – Maracanaú, teve início em 2024, levando formação de programação a Comunidade Indígena Anacé e posteriormente a outras duas etnias: Tapeba e Jenipapo-Kanindé. Dessa forma, foram certificadas mais  de 200 crianças e jovens. 

Com a expansão do projeto, surgiu a necessidade de mesclar a formação dos cursos com os saberes e a cultura das comunidades indígenas, começando pelo povo Tapeba. Para fazer essa adaptação, a equipe do projeto fez uma imersão cultural com visitas a lugares sagrados, e escuta ativa dos anciãos e membros da comunidade. “Nós tivemos a oportunidade de ouvir dos diretores das escolas aspectos históricos de luta, de como foram demarcadas as terras e de como eles continuam lutando judicialmente por algumas partes, saber como as próprias escolas foram fundadas e a trajetória deles até chegarem na estrutura que têm hoje, conhecer os pontos sagrados, inclusive a fauna e a flora que se entrelaçam com essa cultura, e também conhecer como eles cuidam da terra, como eles se organizam com essas tarefas”, explica o coordenador pedagógico do projeto, Moésio Passos. 

Os conhecimentos da cultura indígena Tapeba foram incorporados ao programa formativo dos cursos de robótica e pixel art, de forma a fortalecer a identidade cultural, além de incentivar o uso da tecnologia e o desenvolvimento dos povos indígenas. Nos cursos de robótica, por exemplo, a ideia é desenvolver tecnologias que ajudem o trabalho da comunidade, como automações para agricultura. Já através do Pixel Art, os alunos poderão participar ativamente do mapeamento das comunidades indígenas, além de recriar os grafismos e outras imagens que fazem parte de sua cultura. Duas escolas estão sendo beneficiadas pela a Escola Índios Tapeba e a Escola Indígena Narcisio Ferreira Matos, inicialmente com 40 alunos. 

O diretor da Escola Indígena Índios Tapeba, Nildo Sabará Tapeba, conclui: “Essa abordagem inovadora cria um espaço de aprendizado que conecta o presente ao passado, utilizando o grafismo inspirado nas cores tradicionais do preto do jenipapo e do vermelho do urucum. Isso não apenas revitaliza as memórias coletivas do povo Tapeba, mas também permite que os jovens indígenas se apropriem de ferramentas modernas para expressar sua própria cultura de maneiras novas”.

 

SAIBA MAIS

O Programando e Aprendendo é um projeto gratuito do Instituto Idear que promove o desenvolvimento tecnológico e social de crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos, trabalhando habilidades como programação, robótica, pensamento crítico, criatividade e trabalho em equipe. Em suas versões municipal (realizada em Maracanaú) e Itinerante (em cidades diversas do Ceará), o projeto já formou mais de 3500 alunos em cursos como Lógica de Programação e Pensamento Computacional, Desenvolvimento de Jogos Digitais e de Aplicativos, Criação de Animações em Pixel Art e Robótica Básica.